quarta-feira, 21 de março de 2012

dia mundial da poesia


um destes dias conto a história destes outros linhos 

Noite do roubo

A quem foram roubar os pobres trapos:
A mim, que sou humilde pobrezinho?
Olhem bem que o valor destes farrapos
Está em ter minha avó fiado o linho.

Ó rocas a fiar, contos de fadas!
Eu tinha-lhes amor e simpatia
Que vem das saudades de algum dia,
Longe, das velhas noites seroadas.

Bragais de minha casa, e as roupas feitas
Por mãos de minha mãe, muito me assusta
Que os tomassem perversas mãos suspeitas.

Ah! mãos do furto, olhai, trazei-me à justa
Os meus linhos - suor dumas colheitas -
E amor dos meus que a mim muito me custa

Afonso Duarte

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