Vou começar uma rubrica intitulada a vida das mulheres, mulheres anónimas, de artes várias, que trabalham e organizam as suas vidas, mulheres que conheço bem e outras com quem nunca me cheguei a cruzar, mulheres que estão a lavar a loiça e a deitar os filhos*, que amam, choram e vivem. Mulheres normais, como nós! *Virgínia Wolf, Um quarto que seja seu, 1928
RITA
Tirando o cabelo, agora mais longo, continua muito parecida. Acho que o tempo não anda a passar por ela como passa por nós, pelo menos eu não lhe consigo descobrir uma única ruga, e já passaram sei lá, alguns 35-36 anos? Desconfio que usa e abusa desta receita da nossa avó, do Tesouro doméstico:
Água higiénica para a pele - esta água limpa perfeitamente a pele, branqueia-a e impede as rugas. Para se obter faz-se o seguinte: juntam-se 125 gramas de pão de centeio quente, quatro claras de ovos frescos, meio litro de bom vinagre branco, mexe-se tudo e passa-se depois por um pano fino.
foto de António Sousa
Costumava morder-nos (às primas) quando se zangava, e dizia frivícico em vez de frigorífico. Acho que agora já não é disléxica, ganhou destreza nas palavras e leva muito a sério a herança do fazer com perfeição. A avaliar pela foto, já na altura parece que tinha bichos-carpinteiros nas mãos.
Apesar de trabalhar todo o dia fora, de ter uma filha adorável e irrequieta que não pára um segundo, e de acumular mil e uma tarefas como todas nós, ainda faz estes trabalhos cheios de cor que parecem saídos de lendas e contos de fada.
foto de António Sousa
Admiro-lhe a paciência infinita para os pormenores e para os acabamentos perfeitos e minuciosos.
gostei muito.....
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